quinta-feira, 15 de maio de 2008

II Congresso de Letras, Artes e Cultura da UFSJ

(da esquerda para direita: eu, Júnia Braga, José Vilson Leffa e Vera Menezes)

Olá colegas!

Nesta semana (12 a 16 de maio) está acontecendo o II Congresso de Letras, Artes e Cultura da Universidade Federal de São João del-Rei que teve como tema questões relacionadas ao discurso, à linguagem e à memória. Uma das apresentações foi o simpósio que aconteceu nesta última terça-feira, reunindo os professores José Vilson Leffa (PUC-Pelotas), Júnia Braga (UFMG) e nossa professora Vera Menezes (UFMG). O tema dos trabalhos foi o ensino de línguas e a complexidade. Logo após o simpósio, Leffa conduziu uma palestra, com o tema o professor e a tecnologia. Creio que o conteúdo dos trabalhos muito interessa a nós, estudantes da área de Lingüística Aplicada. Deste modo, gostaria de compartilhar com vocês os assuntos principais que foram lá abordados.

O trabalho de Leffa intitulado A Teoria dos Sistemas Emergentes na Aprendizagem das Línguas, concentrou-se nos sistemas complexos, que foram definidos por ele como conjuntos de elementos não apenas somados entre si, pois eles se interagem e se modificam de acordo com situações imprevisíveis. Como exemplo de sistema complexo tem-se o clima, o trânsito, o corpo humano e a aprendizagem de L2. Sobre este último, Leffa afirma que as abordagens reducionistas não são capazes de explicar o ensino/aprendizagem de L2, pois tal processo é visto como um sistema estático por essa abordagem. Para comprovar que o processo de ensino/aprendizagem da L2 é complexo, Leffa apresentou uma situação de um aluno inserido nesse contexto: ele estuda, porque tem um objetivo, ele interage com um grupo, tem um tempo de estudo disponível determinado e situações imprevisíveis acontecem, fatores que influenciam todo o processo.

Júnia Braga com o trabalho Emergência complexa: diversidade, controle distribuído e interação entre os pares, focalizou as condições para que a emergência complexa ocorra: a) interação entre vizinhos/pares, para que se inicie uma reação; b) redundância, se uma célula morre (componente ausente) outra toma seu lugar, c) diversidade, fonte de inteligência do sistema e d) restrições possibilitadoras. A respeito da aprendizagem on-line, Braga afirmou que esta contêm grupos de aprendizes que se interagem através de um processo colaborativo, onde a aprendizagem é construída por contribuições de todos os interagentes.

Vera Menezes apresentou o trabalho denominado Aprendendo Inglês na sala de aula: o inferno são os outros. No processo de ensino/aprendizagem de línguas há sempre o outro, o(s) colega(s) de classe. Nesse contexto, situações imprevisíveis acontecem, pois esse é um processo aberto, sensível a condições iniciais e externas. Segundo Vera Menezes, o contexto social da sala de aula não pode ser visto só como um ambiente de cooperação, mas também como uma arena de conflito entre os aprendizes legitimados aqueles engajados no contexto da sala de aula, que se destacam por seu domínio na língua – e periféricos – inseguros quanto à sua aprendizagem, com dificuldades na absorção da língua. Essa situação pode ser descrita como um verdadeiro inferno para muitos deles. Através de narrativas de aprendizes de línguas, pôde-se entender claramente esse quadro. Em uma delas, um aprendiz periférico é excluído por um legitimado porque aquele não possui um domínio satisfatório da língua segundo este. Uma situação positiva relatada na apresentação é quando ambas as variedades de aprendizes se unem, a fim de construir a aprendizagem através da colaboração.

A palestra ministrada por Leffa, O Professor e as Tecnologias Digitais, teve como roteiro a virtualização da humanidade, a Internet é o segundo dilúvio da História: dilúvio de informações que nos inundam a todo o momento; a expansão das línguas, quanto maior o número de indivíduos no mundo menor é o número de línguas faladas; a expansão dos acervos, atualmente tudo é guardado e documentado como nunca antes; o distanciamento das relações, da comunicação face a face à interação homem x máquina e o aprender a religar, somos modificados pelos artefatos que usamos. O telefone e a Internet, por exemplo, são instrumentos de mediação que aprendemos a usar para interagir com outras pessoas. Além disso, atividades baseadas no computador muito interessantes foram apresentadas, a fim de demonstrar a interatividade entre o aprendiz e a máquina.

Todos são bem-vindos para fazer seus comentários e Vera, corrija-me se cometi algum erro ou se esqueci de inserir algo importante que foi falado.

Helen Faria

4 comentários:

vanessasfandrade2 disse...

Muito interessante o assunto do trabalho apresentado pela Professora Vera, já que podemos observar a ocorrência desse fenômeno em sala de aula com certa frequência, mas muito pouco tem sido debatido sobre ele.

Valeska disse...

Concordo com a Vanessa. E acredito que a questão do aprendiz legitimado e periférico poderia ser estendida para qualquer processo de ensino e aprendizagem, não apenas na seara de língua estrangeira. Aqui mesmo em nosso curso, isso não acontece com freqüência?

Valeska

José disse...

Preciosas informações, Helen!

Espero ter, em breve, acesso aos textos elaborados!

Muito obrigado,

José.

Virgínia disse...

Helen observo a fala da Prof. Vera no ensino de língua inglesa no curso de letras, e observo que a questão do aprendiz legitimado e periférico vai além da sala de aula j.