sábado, 10 de maio de 2008

Ambientes virtuais de aprendizagem

Ambientes virtuais de aprendizagem

por Maria da Conceição Aparecida Pereira Zolnier

No artigo intitulado Virtual learning environments: towards new generation, George Totkov (2003) apresenta um breve histórico dos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), os quais devem oferecer material apropriado, diferentes métodos para acesso on-line e interação entre estudantes e professores. O autor cita, como exemplo, as universidades virtuais que visam à educação aberta e traça a seguinte trajetória dos AVAs:
· 1840 – início dos cursos por correspondência, através dos quais os estudantes podem receber materiais pelo correio e acumular créditos, ao completar determinadas tarefas;
· 1901-1940 – o rádio é acrescentado aos cursos por correspondência;
· 1941-1980 – os professores passam a usar TVs, fitas cassetes e telefones para oferecer oportunidades de ensino a distância;
· 1981-1990 – Avanços na tecnologia interativa e digital são características desse período. O surgimento de grande número de PCs (personal computers) facilita a emissão de seminários e cursos educacionais através da emissão de imagens, vozes e dados;
· 1991-2000 – As Local area networks e wide area networks ligam os PCS a sistemas de comunicação e melhoram o acesso on-line para informação e treinamento a distancia. O rápido crescimento da internet de 1995-1999 cria uma nova dimensão global para a aprendizagem e de 1995 a 2000 o mundo se torna móvel com o celular e o computador;
· 2001 em diante – O acesso a insumo vocal por telefones e computadores fixos e móveis é uma característica distintiva desse período.
O autor relata que a evolução dos ambientes de aprendizagem virtuais compreende três modelos básicos: a) content support model (com pouca interação, o ensino é parecido com o tradicional. A diferença se baseia no fato de o conteúdo ser apresentado virtualmente), b) wrap-around model (material de curso é acompanhado por atividades e discussões on-line) e c) modelo integrado (curso dinâmico, influenciado pelas necessidades dos estudantes, baseado em atividades colaborativas e discussões).
Segundo Totkov, os ambientes de ensino virtual podem ser classificados como sendo de 1ª, 2ª e 3ª gerações. A primeira geração inclui fórum de discussão, e-mail, interação, colaboração dos grupos, etc. A segunda consiste de um sistema gerenciado de conteúdo baseado em database de materiais e plataforma de aprendizagem. Na terceira geração há um intercâmbio de materiais de aprendizagem, sistema de busca inteligente, aprendizagem personalizada, simulação de negócios, etc. Além disso, essa última geração permite o envio e o recebimento de mensagens sincrônicas (em tempo real) juntamente com as não-sincrônicas (áudio, vídeo, textos e gráficos). O autor enfatiza que são numerosos os ambientes virtuais que apresentam características da 1ª e 2ª gerações e que os de 3ª são ainda escassos e, por isso, a atualidade (o texto é de 2003) deve ser classificada como geração 2,5. Para o futuro, ele acredita em três tendências de ambientes: integrados (híbridos), cognitivos e de ICT (information and communication technologies).
Na primeira tendência futura, a combinação de internet e a transmissão por televisão via satélite demonstra um potencial para unificar, monitorar e coordenar todas as atividades nas universidades e unir instituições. A criação de programas individualizados e de perfil dos estudantes poderá permitir um melhor gerenciamento da aprendizagem. Na tendência cognitiva, há a possibilidade de um mesmo curso ser apresentado sob diferentes formas, buscando atender as necessidades e preferências dos estudantes, além de monitorar o progresso dos mesmos. Por fim, a terceira tendência (ICT) reflete a revolução da tecnologia sem fio, ocorrida nos últimos anos.
O autor conclui seu estudo apresentando alguns projetos europeus de aprendizagem eletrônica, os quais enfatizam a criação de condições apropriadas para envolver a educação, o mercado e a esfera pública. Esses projetos reúnem rádio e TVs digitais, buscando a inclusão social, a garantia de acesso onde a educação convencional não é satisfatória. Para isso, é necessário levar em conta as deficiências físicas e a promoção de igualdade de gênero.

Referência:
TOTKOV, George. Virtual learning environments: towards new generation. International conference on computer system and technologies – CompSysTech 2003. Disponível em:
http://ecet.ecs.ru.acad.bg/cst/Docs/proceedings/Plenary/P-2.pdf

8 comentários:

José disse...

Ótima referência, Cida, que nos remete ao seminário anterior, também, sobre história do ELMC.

Este AVA e este seminário "prometem"!

Muito obrigado,

José.

Julieta Sueldo Boedo disse...

Muito legal o resumo Cida! Agora ficou um pouco mais claro para mim a descrição dos distintos AVAs ao longo da história.
E aproveito para parabenizar a todo o grupo pelo blog, vou aprender muito com vocês.

Beijos, Julieta

joelma disse...

O seminário dessa semana me remeteu a um assunto que discutimos há algum tempo, quando falávamos de design e avaliação: DECISÃO! Lendo alguns textos do blog e articulando-os com a leitura de "MCGREAL, RORY. INTEGRATED DISTRIBUTED LEARNING ENVIRONMENTS (IDLES) ON THE INTERNET: A SURVEY", considero importante comentar o seguinte: com a crescente utilização de ambientes virtuais com finalidades educacionais torna-se imperativo o estudo das condições de cada instituição antes da adoção de determinado sistema: currículo, logística, perfil do aluno, profissionais envolvidos, objetivos pedagógicos... tudo faz parte de um aglomerado de critérios que devem nortear as decisões...
Abraços!
Joelma

Julieta Sueldo Boedo disse...

Falou tudo Joelma! Bjs, Julieta.

AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM disse...

Joelma

Concordo com você. Não há como decidir "o quê" sem perguntar o "por quê" e "para quê".

Valeska

Virgínia disse...

A velocidade com que a evolução tecnológica acontece as vezes não nos permite interar e explorar todos os recursos oferecidos.
Mas com leituras de textos, como o seu, conseguimos em menor tempo aprofundar no tema.
Abraços a todo grupo!
Virgínia

˙·٠•● Pesquisadores do Grupo 6 disse...

Obrigada pelo ótimo texto, Cida!
É muito bom saber onde tudo começou para avaliarmos nosso progresso. E que progresso! Concordo com a Virgínia! Tudo acontece tão rápido que, mal nos acostumamos com algo, e já vem outra novidade!
Enfim, fiquei curiosa a respeito dos novos projetos europeus para o ensino virtual que mencionou no texto, e encontrei um site da Comissão Européia com uma lista de projetos de cunho colaborativo nas mais diversas áreas.

(http://ec.europa.eu/education/archive/elearning/projects/034_en.html)

Abraços,
Karina.

Fernanda Lanza disse...

Concordo totalmente com a Joelma! Temos várias ferramentas à nossa disposição mas precisamos de critérios bem definidos para tirar o melhor proveito das mesmas. No entanto, acredito que falta essa consciência aos coordenadores e/ou diretores de várias escolas. Falo por experiência própria e por conhecimento da realidade de outros colegas em instituições de ensino, principalmente particulares. Parece-me que essas instiuições querem "entrar na moda" da tecnologia , para isso compram um software e ponto final, já estão "atualizadas". Que venha a "normalização"!!!
Abraços
Fernanda